Os Sapos Suicidas são aqueles que pululam deliberadamente pra debaixo do seu carro, resultando em autoesmagamento. Pois há algo de muito engraçado nos Sapos Suicidas - aliás, mais em como eu me sinto em relação a eles. Eu os odeio! Mas sabem por quê? Porque gosto tanto de sapo que fico P da vida quando mato um, ainda que por culpa exclusiva dele. De tanto amor, ódio. É o único tipo de ódio que eu conheço, e é o único tipo de ódio que acho que devia existir. Infelizmente pensar em esperança é nada mais que colocar-me embaixo das rodas do automundo conversível do velho Deus.
Deus nos odeia por amor? Qual nada, Deus não nos vê, Deus não nos sente, Deus não se importa - e estamos tentando entrar debaixo da roda dele há muito tempo, e tempo em excesso, com a pretensão maluca de sermos vistos antes de esmigalhados.
17.1.12
7.1.12
Amor fati
Existe uma rã que no alto do inverno canadense enterra-se em meio ao húmus e à terra congelada e hiberna. Acorda somente quando o inverno vai embora. Ela não é o único animal capaz de morrer pra reviver depois, mas quiçá seja o único anfíbio (se meu interesse pelos bichos fosse mais que um interesse desprendido, afirmaria com certeza). Bichos interessantes, os anfíbios. A respiração cutânea me fascina, mas me fascinaria muito mais se eles pudessem sentir cheiros pela pele, também. Acho que a evolução privou-os dessa habilidade inútil, assim como privou a nós da bioluminescência.
Voltemos à rã canadense: o legal dela é que ela é uma rã - pula, come insetos, nada no lago - como qualquer outra, a não ser pelo fato de morrer por uns meses antes de voltar à vida. A morte pra esse anuro é anual, e nada a preocupa menos. A rã é forte, não há dúvida, mas o que não sabe é que ela ao congelar-se perde muito de si mesma. Suporta, tão somente, tudo que a aflige; dissimula-se.
Muito mais impressionante que a rã é um fungo que foi achado nas paredes da usina de Chernobyl. O fungo não fez como os ucranianos e os russos das redondezas (ou, que fique claro, como a rã que tem medo de frio), não fugiu pra cidade mais longe. O fungo se alimentou da desordem e cresceu.
A diferença, então, é essa: os seres humanos adoram imitar a rã canadense quando deviam imitar é o fungo comedor de radioatividade, quando deveriam dizer somente sim, inclusive ao frio mortal do inverno canadense.
Voltemos à rã canadense: o legal dela é que ela é uma rã - pula, come insetos, nada no lago - como qualquer outra, a não ser pelo fato de morrer por uns meses antes de voltar à vida. A morte pra esse anuro é anual, e nada a preocupa menos. A rã é forte, não há dúvida, mas o que não sabe é que ela ao congelar-se perde muito de si mesma. Suporta, tão somente, tudo que a aflige; dissimula-se.
Muito mais impressionante que a rã é um fungo que foi achado nas paredes da usina de Chernobyl. O fungo não fez como os ucranianos e os russos das redondezas (ou, que fique claro, como a rã que tem medo de frio), não fugiu pra cidade mais longe. O fungo se alimentou da desordem e cresceu.
A diferença, então, é essa: os seres humanos adoram imitar a rã canadense quando deviam imitar é o fungo comedor de radioatividade, quando deveriam dizer somente sim, inclusive ao frio mortal do inverno canadense.
3.1.12
Entupiu
O menino teve um problema no nariz, uma espécie de entupimento duradouro. Quando voltou a sentir cheiros, o primeiro a sentir foi o seu preferido - a Dama-da-Noite. Contudo, claro, muito mudou em seu olfato enquanto ele não funcionava. A Dama-da-Noite cheirava muito diferente, cheirava esquisito, mas ainda cheirava bem...
2.1.12
Eutanásia antecipada
Chegará o dia, e chegará em breve. Chegará o dia em que todos os bichos deixarão de procriar. Farão sexo, ainda, isso sim, mas não deixarão sua prole à sobrevivência. Pois é isso que teriam, se nascessem - sobrevivência, apenas. Se nascessem, seus filhotes estariam condenados a viver no meio de um mundo que não mais permite alegria, não mais permite o vôo, o salto, o surfe... Os bichos não querem isso pra ninguém! Sobreviver é muito pouco, isso nós, humanos, já procuramos saber. Há os que dizem que sobreviver é dádiva, é o lucro maior - Deus nos deu. Mas se eu, ateu; se eu, o Anticristo, quero é ir ao sentido oposto do Divino, que posso fazer se não querer Viver (com maiúscula e com todos os prazeres)?!
Nós, humanos, sabemos que sobreviver apenas é pouco, mas ainda assim teimamos em fazê-lo...
Pois sim, chegará o dia em que nós, humanos, vamos imitar aqueles bichos que optaram pela extinção. Deixaremos de procriar. Faremos sexo, ainda, mas não deixaremos nossos filhos à mera sobrevivência. Chamaremos esse altruísmo louco de eutanásia antecipada - puxaremos o fio antes do sofrimento da Vida. Infelizmente o faremos em um tempo em que a verdade foi renegada - sobreviver é, sim, o lucro maior; ninguém pediu pra nascer, é verdade, mas a humanidade, essa mudança inesperada no caminho do universo, preferiria viver amputada a ter de conhecer o Nada.
Nós, humanos, sabemos que sobreviver apenas é pouco, mas ainda assim teimamos em fazê-lo...
Pois sim, chegará o dia em que nós, humanos, vamos imitar aqueles bichos que optaram pela extinção. Deixaremos de procriar. Faremos sexo, ainda, mas não deixaremos nossos filhos à mera sobrevivência. Chamaremos esse altruísmo louco de eutanásia antecipada - puxaremos o fio antes do sofrimento da Vida. Infelizmente o faremos em um tempo em que a verdade foi renegada - sobreviver é, sim, o lucro maior; ninguém pediu pra nascer, é verdade, mas a humanidade, essa mudança inesperada no caminho do universo, preferiria viver amputada a ter de conhecer o Nada.
Banheiro
Todos os grandes pensadores que conheço concordam: o banheiro é o melhor lugar pra se pensar. Hoje levei meu violão ao trono e finalmente achei o porquê. A acústica é maravilhosa - os pensamentos saem, mas voltam!
(Não é como pensar a céu aberto, onde os pensamentos saem voando feito peixe-voador fora d'água...)
(Não é como pensar a céu aberto, onde os pensamentos saem voando feito peixe-voador fora d'água...)
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