14.7.10

A aposta

Ah, se o menino soubesse que a única arma contra a monotonia não é veneno nenhum, não é coisa complicada. Se ele soubesse que a única coisa que poderia fincar de vez um garfo no tédio e ajudá-lo a tomar um gole grande de vontade fosse feito só de dois olhos e um sorriso, o menino seria deus. Mas o menino não quer ser deus. Semideus tampouco. O menino quer poder fechar os olhos à noite e sonhar só com ela -

- deuses descartam os sonhos e o sono como se fossem uma mão ruim num jogo de pôquer.