13.5.10

A história, não a estória

Era uma vez um cachorrinho. Nem era pequeno ou fofo, mas não havia ninguém que conseguisse proferir sua condição sem empregar o diminutivo. Portanto, era um cachorrinho. Voltemos - era mui esperto, na medida da possível esperteza canina. Um dia, enquanto uivava para a Lua - qual o problema de uivar pra Lua com o sol à pino?! - percebeu num gato a intenção de fazer mal a um passarinho. Deu um coça no gato e voltou a uivar. O passarinho, que já tinha percebido a situação, voou meio desengonçado e como ventava bastante, acabou na direção do cachorrinho. Furou seu peito e os dois morreram - a ave sem, mas o mamífero cheio de sofrimento.

Não se deve tirar nenhuma lição de moral, como nas estórias da tartaruga, da lebre, do pato feio ou da galinha, já que isso aqui não é estória, é história.

3.5.10

Da tempestade e da garoa

Os amores platônicos têm um quê de coisa dramática que me parece ser insuperável quando comparado aos quês dramáticos das outras emoções. Parece que toda a vida gira em torno do objeto de desejo. Mas só quando é platônico - todo mundo sabe que assim que se consuma, a graça se perde. Deus me livre! Quero é amor de pé no chão, amor terreno. Quero é paz, não quero essa tempestade me perturbando! Porque depois da tempestade, vem a calmaria, e no que diz respeito à alma humana, a calmaria quase sempre é indiferença.

Quero viver assim, com esse amor garoa, pra sempre - ou pra sempre que puder.