24.7.12

Aula com uma criança de 4 anos

Eu e a pequenina colhíamos trevos e folhas de hortelã para fazer um buquezinho e dar pra sua mãe. A primeira demonstração de desapego foi quando, depois de separarmos os trevos maiores e mais bonitos, a pequerrucha rasgou o buquê pronto. 'Mas por que você fez isso?' eu perguntei, ao que ela respondeu 'Ai, calma, é só fazer outro...'

 'Olha, a folhinha do trevo é um coração!', ela disse e não me deu nem tempo de ver - já soprou a folhinha, dizendo tchau.

 Fizemos o segundo buquê de 'tevo', um de 'hotelão' e também achamos umas florzinhas brancas que já vinham em buquê, e eu insistia em levarmos os presentes pra sua mãe. Mas a pequena queria brincar agora com as formigas.

 'Vamos entrar um instantinho pra eu beber um copo d'água, já, já a gente volta a brincar' - estávamos na parte de fora da casa e eu não podia deixá-la sozinha.

 'Você precisa tomar água agora?'

 'Preciso.'

 'O que vai acontecer se você não tomar? Você vai morrer?' - perguntou a menininha em tom de deboche. 

Você venceu desta vez, pequenina.

3.7.12

Amigo velho

Eu e um tio meu, sempre bem velho, caçávamos mosquitos quando eu era mais criança (digo 'mais' porque a minha curva de desenvolvimento se Deus quiser vai pular o estágio adulto - vou direto de criança a sexagenário. Melhor, serei sempre uma criança sexagenária). Eu era o Batman, ele o Robin, e ele me chamava de 'amigo-velho'. Era ótimo porque eu me sentia tão ele quanto achava que ele se sentia eu. Ele tinha o triplo da minha estatura e o óctuplo da minha idade, mas tudo o que importava é que o meu mata-moscas e o dele tinham o mesmo tamanho e o mesmo poder, só que um era azul e o outro amarelo.